O atrasado sempre acredita que vai dar tempo. Sai de casa confiante, calcula mentalmente trajetos perfeitos, ignora imprevistos e, mesmo quando o relógio grita, mantém a fé de que tudo se encaixará. Essa visão é fruto do que a psicologia chama de otimismo temporal: a tendência de subestimar a duração real das tarefas e superestimar a própria capacidade de cumpri-las.

O adiantado, por sua vez, vive no polo oposto. Ele parte antes da hora, revisa compromissos repetidamente e prefere esperar longos minutos a arriscar-se ao atraso. Essa postura nasce da ansiedade temporal preventiva, em que a preocupação exagerada com falhar no tempo leva à preparação excessiva.

Ambos estão diante da mesma realidade: o tempo avança no mesmo ritmo para todos. O que muda é a forma como cada um se relaciona com a ansiedade e com a necessidade de controle. O atrasado se protege pela crença de que “vai dar certo”; o adiantado se defende pela certeza de que “não pode dar errado”.

No contraste entre esses dois extremos, talvez se esconda a lição: o equilíbrio não está em negar o tempo nem em temê-lo, mas em aceitá-lo como ele é — imparável, neutro, indiferente — e, nesse reconhecimento, encontrar uma forma mais serena de viver.